sábado, 23 de julho de 2011

Mande lembranças a Janis e ao Morrison, por mim, Amy!!



Não sou desejar mal a ninguém, mas será que da próxima vez da para morrer uma dupla sertaneja, um Micel Teló, Luan Santana, um grupo de funk, pagode....

Mande lembranças a Janis e ao Morrison, por mim, Amy!!

domingo, 3 de julho de 2011

Ete..Ete..ete.. ele é o Dodete



Dodete.. Ah, o Dodete. O Dodete é de longe a pessoa mais engraçada que eu conheço. Um cara extremamente do bem, gente boa, desleixado, enrolado ao extremo, mas de um coração e de uma capacidade de transformar coisas do cotidiano em situações hilárias enormes.
Algumas destas passagens já contei aqui. Como o dia em que ele fez xixi em um amigo nosso, ficou dependurado em um poste de madeira depois de derrubar um andaime, não deixou ninguém dormir por causa de um creme dental, o dia que ele
achou que na encenação da sexta-feira da paixão teriam matado Jesus com um tiro e por ai.
O Dodete, quando mais novo, era uma peça só. Magrelo, alto e com o problema na fala. Ele não consegue falar erres, eles e mistura um monte de letras e palavras.
O linguajar peculiar, o fato dele ao tomar água babar sempre e a vocação, ainda que inocente, para o mal feito tornam o Dodete um personagem incrível, que se eu não conhecesse pessoalmente iria dizer que eu mesmo inventei.
Sou testemunha ocular de sua comicidade, algumas histórias vi, outras ouvi, mas não duvide de sua veracidade.
O Dodete, quando pequeno morava em Contagem, em uma casa que mais parecia um sítio. Ele começou a falar com quase cinco anos de idade. As idas e vindas ao fonoaudiólogo motivaram a primeira estripulia. Um dia, em plena capital, ele era arrastado pela mãe quando viu um carro do corpo de bombeiros:
- Mãe..mãe. Pá que que os bombeios tão coeendo?
Sua mãe explicou com toda a paciência que quando havia um incêndio, os bombeiros iam apagar o fogo. Dias depois, o Dodete, botou fogo na própria casa só para os bombeiros virem na casa dele. E pior: não foi só uma vez não, foram duas.
Outra vez, o irmão dele não deixou ele andar de bicicleta. O Dodete foi lá caladinho e desapertou a roda da frente da bicicleta. Tudo ia bem até que o irmão dele, numa descida, resolveu empinar a bicicleta. Lá se foram a roda e os dentes da frente.
Depois que o Dodete se mudou para Itaúna, passamos a conviver diariamente por anos. De longe o mais sacana de todos nós, mas como disse uma sacanagem ingênua, só para fazer os outros rirem. Tínhamos um ditado: Se o Dodete está calado ou é porque vai vomitar ou porque está aprontando alguma.
Ele tinha o estomago tão fraco, mas tão fraco que quando ele enchia o nosso saco, bastava a gente começar a fazer barulhos de vômito e falar de coisas nojentas para ele ficar com ânsia e se aquietar.
Lembro uma vez que fomos a um rodízio de pizza, o Dodete comeu horrores e na volta ele veio implicando o Samir e o Rhafir. Ai o Samir começou a falar porcarias e fazer um “blubluar” como se estivesse vomitando. Não deu outra. O Dodete encostou em um poste e lá se foi o rodízio.
Quando entramos na pré-adolescência, na época das paqueras e primeiros beijos, o Dodete arrumou uma paquerinha. O nome dela era simples para nós, mas para ele era difícil pois tinha G, R, etc. Como não a vejo há muitos anos, vou omitir o nome e chamá-la apenas de Graciane, que tem uma grafia semelhante. Para evitar constrangimentos é claro. Ele ligava para ela e dizia:
- Ô Gaciane. Eu goto de você demais. A gente podia sai para tomá um Guaaná.
O primeiro beijo que ele deu na “Gaciane” foi hilário. Era aniversário dela. E ela queria um CD do Bon Jovi. Não achamos o CD aqui em Itaúna e fomos para Divinópolis. Só que o Dodete não sabia o nome do CD, só da música que ela gostava. Ele entrava na loja e disparava:
- Moça. Tem CD do Bon Jovi, aquele que tem a música “aigoenau”? (no melhor inglês: “I'm going down”, proferida no refrão de Blaze of Glory).
O pessoal das lojas demoravam uma meia hora para descobrir qual era o idioma e qual era música. Besteira do Dodete. Era só ele ter perguntando o nome ao Fabrício, que era fã do Bon Jovi e tinha até poster no quarto dele (risos, ele sempre fica bravo quando conto isto aqui na coluna, risos. Diz que o poster era do irmão. Sei?!).
Finalmente achamos o CD e lá se foi o Dodete para o aniversário. Voltou com a cara mais feliz do mundo e a gente perguntou:
- E aí? Beijou ela?
- Bezei. No potão. Tô sentindo a boca dea até agoa. Ea é especial.
Para pré adolescentes aquilo foi uma explosão de gargalhadas. Crescemos e o Dodete continuou hilário. Ele tinha uma característica que guarda até hoje: quando ele pega a usar uma roupa, é só aquela. O Dodete já teve a fase da calça verde,
das camisetas, da camisa do Denis Pimentinha e tantas outras. Até tênis era assim. Uma vez ele comprou um Topper Dynatec, o tênis mais caro da época. Usou por quase um ano e quando ele acabou, comprou outro, igualzinho.
Só não podíamos mexer no boné dele. Era a gente tentar encostar e ele dizer:
- Pó paa. Meu moné não.
Era tão neurado, que uma vez nos metemos em uma briga. A gente apanhou. Apanhou para valer, mas o Dodete não tinha apanhado ainda. Ele era ágil e fugia, mas teve uma hora, que ele estava segurando um cara, ai o cara, sem querer, bateu a mão no boné do Dodete.
Ele o soltou, levou as mãos na cabeça e disse:
- Meu moné não.
Resultado: um olho muito roxo do Dodete.
Queria contar aqui de como ele foi orador da turma do tiro de guerra e confundiu o nome do Subtenente, ao invés de chamá-lo Getúlio da Silva chamou de:
- Iustissimo Subtenente Getuo da Selva.
Mas vai ficar para a próxima postagem, porque para contar as minhas histórias tenho que contar caracteres também.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Coisas prestes a completar 33



Vendo memórias, não sonhos e nem pesadelos. Vendo uma vida que não foi sua e nunca minha também. Vendo imagens rabiscadas em letras garrafais de um jornal. Vendo lembranças emolduradas em um sapato velho e gasto no pé direito. Vendo solidão, vendo inquietude, dou, de graça, com todo o pleonasmo possível, alegria, pelo menos tento que não entrem na porta da tristeza.
Vendo negativos de uma história caminhada em fragmentos. De uma expectativa de coisas que nunca aconteceram ou que se aconteceram esqueceram-se de me vender.
Vendo um velocípede, verde, vermelho, de três rodas que pode levá-lo a qualquer lugar sem precisar de esforços. Vendo um quintal enorme com inúmeras árvores e uma mangueira com um balanço, capaz de fazer você saltar tão longe que nem caxumba lhe pegará.
Vendo duas escadas de cimento postas lado a lado, que mimetizam traves em um campo de futebol. Vendo uma área de serviço com um tanque, onde quando se lava roupa, muito se molha e muito se xinga, armas feitas de elásticos com munição de tampinha.
Vendo um gesso, para que possa ser enterrado junto com o sofrimento. Vendo um caminhão que distribui refrigerantes feitos por índios Bugres. Vendo um tanque que de pé quebrado inveja os saltitantes e machuca a perna de quem gosta de olhar o céu em busca de doce de leite.
Distribuo, mas não vendo, apenas empresto, amizades feitas debaixo de uma Mangueira, ou seria em uma escola de tijolos de construção?
Vendo um pôster do Zé Carioca, manete de Atari, corda arrebentada de Vai e Vem, tamancos feitos de latinha de Nescau, baratinhas que não é preciso pisar para que sejam esmagadas. Vendo pombos, micos, cachorros. Só não vendo minha tartaruga que ficou para trás na calmaria das boas coisas e se hibernou no paraíso. Vendo um Lupy, vendo um Juquinha, vendo um pezão.
Vendo meu primeiro beijo, vendo minha primeira paixão. Vendo idas e vindas infinitas a capital, recheadas de bananas nanicas, não maçãs, mas sim bananas.
Vendo o cheiro de parafina, os choques nos braços. Vendo um médico que de tão competente é capaz de fazer caminhar e criar monstros. Vendo um playmobil sem cabelo, vendo um quintal lamacento com espigas de milho de lado a lado. Vendo uma menina andando em uma barra circular vermelha no meio da bola do quadro. Vendo uma mobilete batida em muros de chapa.
Vendo três copos de vitamina de banana, um grande, dois pequenos. Vendo perfumes, Avon, bijuterias compradas na galeria do Ouvidor, capazes de sustentar os sonhos. Vendo um avô, uma poltrona e o Jornal Nacional. Vendo uma avó e um fogão de lenha. Vendo uma família distantemente amada na boca de uma favela. Vendo outra avó de queixinho arrebitado sempre presente.
Vendo alguém despencando de um pé de fruta do Conde, uma casa centenária em um chão de terra vermelha. Vendo um riachinho e bois para se correr em desespero. Vendo um barracão, vendo um Fusca branco, vendo festas com piscas-piscas de Natal. Vendo gelo seco feito de talco, vendo uma bicicleta voadora, vendo livros em biblioteca.
Vendo cartas, vendo um entregador de jornal cansado, vendo letras tipografadas no sábado pela manhã. Vendo máquinas de escrever quebradas, fitas de vídeo empoeiradas. Vendo lágrimas, vendo uma boa visão, vendo colírios para se pingar duas ou uma vez ao dia. Vendo botas com ferro até o joelho.
Vendo o medo, vendo a insegurança. Vendo confiança, vendo e-mails, vendo conversas, vendo tristeza. Vendo, vendo o lusco-fusco, vendo um fantasminha, vendo guerra de mamonas verdes, vendo sabotagens e travessuras. Vendo choro na linha do trem, vendo uma casinha azul de janelinhas brancas onde o vento da madrugada tem permissão de entrar sempre que quiser. Vendo xadrez, vendo Poker, vendo passeios não feitos, beijos não dados, sonhos não realizados. Vendo desejos, engraxo, não vendo, sapatos.
Vendo insensatez, vendo bonés, vendo piscinas para se atravessar, óculos para nadar e braços para se quebrar com bolas de basquete. Vendo amizades, Vendo kichutes, congas azuis, cadernos em que se pode apenas escrever na folha, não na contrafolha. Vendo histórias inusitadas.
Vendo casinhas feitas de madeiras, enceradas com cera vermelha. Vendo declarações de amor, buquês de rosas, surpresas, serenatas. Vendo decepções. Vendo decepção.
Vendo mau caráter, vendo cartões roubados em papelaria, vendo um cartucho de vídeo-game do Sonic. Vendo um barracão. Pago para levar pão com salame e miojo. Vendo leads, cabeças, notas pé, sonoras, edição não linear, diagramação, gatekeepers, vendo conhecimento.
Vendo o Mineirão lotado, vendo gols do Guilherme e Marques e as tantas eliminações cruzeirenses, inclusive a do brasileiro de 99.
Vendo o provincianismo, vendo chefes prepotentes, chefes gente boa, vendo colegas de trabalho, vendo selos, vendo energia.
Vendo tudo, tudo passando, tudo se indo, tudo vindo. Vendo, sem remorso. Vendo para comprar tudo novo e de novo. Há só uma coisa que não vendo, para ficar curioso, nem vendo...

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Flagrantes




Então que num dia de sol, três siriemas vieram dar o ar da graça na rua de casa...

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Prometo me dedicar mais


As vezes passamos por períodos complicados, difíceis mesmo
e a primeira coisa que costumamos fazer é deixa as coisas que gostamos de lado.
As mudanças sempre são complicados, mas como diria Guimarães Rosa, o correr da vida embrulha tudo, mas o que ela quer da gente é coragem.
Prometo ser mais corajoso agora e tentar não deixar os meus sapatos escritos parados.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Coisas do Cotidiano, a gente só não sabe que coisas são essas




Toda semana é assim, não tenho a menor idéia do que vou escrever, mas confio em meus sapatos escritos.
As histórias vão surgindo por entre letras e caminhadas, mas exclusivamente esta semana eu ainda não sei o que escrever. Escrever é difícil para burro. Ainda mais quando temos a pressão de um monte de gente que vai ler, um gatekepper especial e um público em formação. Escrever
não é simplesmente cortar palavras, como diz Drummond.
Algumas palavras, assim como sentimentos, são tão fortes que nunca podem ser cortadas ou se tornarem invisíveis para sempre. Escrever de forma autoral é ainda mais complicado.
Tem dias que o texto flui, tem dias que ele emburra, tem dias que nem dias é, mas é preciso escrever. Acho que já deu para perceber que essa coluna não será como as
outras, não será recheada de humor ou de críticas sociais.
Esta será uma coluna de enrolação, onde vou levar o leitor por um caminho e no final ele vai dizer assim: “ô lixo, já acabou, texto doido?!”.
Mas escrever, assim como filosofar, é preciso e quem nunca escreveu nada deveria se aventurar. Hoje me sinto com vontade de estar em uma Kombi, pintada com formas psicodélicas, numa pracinha qualquer, de uma cidade qualquer, escutando a chuva batendo no teto e conversando bobagens para ver se a inspiração bate.
Mas os desejos não produzem textos e nem enchem sapatos, o máximo que eles produzem são fadas, que podem ser as menores do mundo ou as que só existem em nossa imaginação, como um dia pensou o inglês J.M. Barrie, autor de Peter Pan.
Textos também produzem sonhos e incógnitas na cabeça de muita gente que lê essa coluna e pensa que ele foi escrito para alguém ou com um porquê. Na verdade, este texto pode estar cheio de energias, que em camadas, como as de cebola do Shrek, podem levar a luz plena. Mas isso pode ser apenas um devaneio, como pensar que Dom Quixote pode estar na esquina em busca de doces de beijinho ou tabuleiros de xadrez, para jogar com Dulcinéia.
As palavras buscadas e rebuscadas, desenhadas e codesenhadas podem levar a personagens de quartetos fantásticos de alguém, que se sente carente, ou simplesmente desembocar em um beijo caloroso e dormir de conchinha embaixo de um edredom azul.
A coluna de hoje, para a maioria, não vai dizer nada com nada, mas para alguns ela vai ser traduzida em cotidiano. Escrever realmente é difícil para burro, mas para entender um texto completamente como esse tem que ser como elefante, que tem uma boa memória, mas é burro também. É conhecer os segredos da esfinge traduzidos em decifra-me ou te devoro.
Então?! Vocês podem me acusar de tudo, só não podem dizer que eu não avisei antes e que a condicionante era terminar o texto dizendo assim: “ô lixo, já acabou, texto doido?!”.

Exageros, amizade e cadeado

Há amigos que são para sempre. Não importa quanto tempo à gente esteja sem se ver, quando nos reencontramos é como se não tivéssemos nos separado nem por cinco minutos.
Os meus amigos são assim. Passamos muito tempo juntos, mas com as atribulações e as responsabilidades da vida adulta acabamos nos afastando um pouco.
Alguns desses amigos seguem esta coluna, outros não, mas eles sempre farão parte dela, pois as histórias dos meus sapatos escritos estão recheadas de amizade.
Quando éramos crianças/adolescentes sempre nos encontrávamos na pracinha da Igreja do bairro de Lourdes. Éramos um tormento e um hiato de alegria no lugar. A pracinha era sempre movimentada com a nossa presença e do futebol às brincadeiras de polícia e ladrão a gente sempre transformava os jardins suspensos em palcos de atividades físicas.
Exageros também eram por nossa conta e algumas beatas, que também exageravam na fé, não gostavam muito de nossa presença. Em outubro, a pracinha se enchia de fé e de gente, que invadia o nosso espaço para celebrar Nossa Senhora Aparecida. Em um desses anos, exageradamente arrumamos uma brincadeira um tanto estranha.
Um de nós tirou o cadeado e a corrente utilizada para prender nossas bicicletas voadoras e começamos a prender uns aos outros. O dono da chave é que decidia quando iria soltar o escolhido.
Fazíamos questão de prender nossas vítimas próximas à entrada da Igreja, só para constranger o preso.
Em uma dessas prisões, prendemos o Guilherme pelo pescoço, em um poste de iluminação do jardim. Eram por volta das 14 horas, fizemos o nosso presidiário e continuamos a brincar. Como a próxima missa seria às 15, deixamos o Guilherme preso e para constranger ainda mais erguemos um “altar” com oferendas, flores, cachaça, farofa bem longe do alcance dele. O pessoal ia chegando e não entendia nada. Todo este sincretismo religioso soava tão estranho, mas nós chorávamos de rir.
Nesse meio tempo, apareceu a namoradinha do Guilherme que, indignada, resolveu ajudar o amado.
Com uma faca de cortar pão ela tentava serrar os elos grossos da corrente. A cena dantesca para nós era digna de Molliére, rei da comédia teatral.
Depois que o pessoal entrou na Igreja e a missa começou, decidi ir embora para casa. Era sempre assim, eu descia para tomar café, banho e voltava à noite para as barraquinhas. Voltei por volta das 19h30, de banho tomado, renovado e com roupa de festa e enquanto descia a rua 10 notei que o Guilherme estava preso no mesmo lugar. Aí pensei: “prenderam o Guilherme de novo” e já comecei a rir.
Quando cheguei perto dele fui logo perguntando se ele tinha sido pego de novo. Com os olhos vermelhos e a voz embargada ele me respondeu: “Não. Eu estou preso desde aquela hora. Eles foram embora e me deixaram aqui. Estou morrendo de fome, de sede e ainda me segurando para não fazer xixi nas calças” e desatou a chorar.
Coube a mim ir atrás do carcereiro e aliviar o sofrimento do preso.
É! Exageros cometíamos, mas o maior deles era ser superlativos em amizade.