domingo, 3 de julho de 2011
Ete..Ete..ete.. ele é o Dodete
Dodete.. Ah, o Dodete. O Dodete é de longe a pessoa mais engraçada que eu conheço. Um cara extremamente do bem, gente boa, desleixado, enrolado ao extremo, mas de um coração e de uma capacidade de transformar coisas do cotidiano em situações hilárias enormes.
Algumas destas passagens já contei aqui. Como o dia em que ele fez xixi em um amigo nosso, ficou dependurado em um poste de madeira depois de derrubar um andaime, não deixou ninguém dormir por causa de um creme dental, o dia que ele
achou que na encenação da sexta-feira da paixão teriam matado Jesus com um tiro e por ai.
O Dodete, quando mais novo, era uma peça só. Magrelo, alto e com o problema na fala. Ele não consegue falar erres, eles e mistura um monte de letras e palavras.
O linguajar peculiar, o fato dele ao tomar água babar sempre e a vocação, ainda que inocente, para o mal feito tornam o Dodete um personagem incrível, que se eu não conhecesse pessoalmente iria dizer que eu mesmo inventei.
Sou testemunha ocular de sua comicidade, algumas histórias vi, outras ouvi, mas não duvide de sua veracidade.
O Dodete, quando pequeno morava em Contagem, em uma casa que mais parecia um sítio. Ele começou a falar com quase cinco anos de idade. As idas e vindas ao fonoaudiólogo motivaram a primeira estripulia. Um dia, em plena capital, ele era arrastado pela mãe quando viu um carro do corpo de bombeiros:
- Mãe..mãe. Pá que que os bombeios tão coeendo?
Sua mãe explicou com toda a paciência que quando havia um incêndio, os bombeiros iam apagar o fogo. Dias depois, o Dodete, botou fogo na própria casa só para os bombeiros virem na casa dele. E pior: não foi só uma vez não, foram duas.
Outra vez, o irmão dele não deixou ele andar de bicicleta. O Dodete foi lá caladinho e desapertou a roda da frente da bicicleta. Tudo ia bem até que o irmão dele, numa descida, resolveu empinar a bicicleta. Lá se foram a roda e os dentes da frente.
Depois que o Dodete se mudou para Itaúna, passamos a conviver diariamente por anos. De longe o mais sacana de todos nós, mas como disse uma sacanagem ingênua, só para fazer os outros rirem. Tínhamos um ditado: Se o Dodete está calado ou é porque vai vomitar ou porque está aprontando alguma.
Ele tinha o estomago tão fraco, mas tão fraco que quando ele enchia o nosso saco, bastava a gente começar a fazer barulhos de vômito e falar de coisas nojentas para ele ficar com ânsia e se aquietar.
Lembro uma vez que fomos a um rodízio de pizza, o Dodete comeu horrores e na volta ele veio implicando o Samir e o Rhafir. Ai o Samir começou a falar porcarias e fazer um “blubluar” como se estivesse vomitando. Não deu outra. O Dodete encostou em um poste e lá se foi o rodízio.
Quando entramos na pré-adolescência, na época das paqueras e primeiros beijos, o Dodete arrumou uma paquerinha. O nome dela era simples para nós, mas para ele era difícil pois tinha G, R, etc. Como não a vejo há muitos anos, vou omitir o nome e chamá-la apenas de Graciane, que tem uma grafia semelhante. Para evitar constrangimentos é claro. Ele ligava para ela e dizia:
- Ô Gaciane. Eu goto de você demais. A gente podia sai para tomá um Guaaná.
O primeiro beijo que ele deu na “Gaciane” foi hilário. Era aniversário dela. E ela queria um CD do Bon Jovi. Não achamos o CD aqui em Itaúna e fomos para Divinópolis. Só que o Dodete não sabia o nome do CD, só da música que ela gostava. Ele entrava na loja e disparava:
- Moça. Tem CD do Bon Jovi, aquele que tem a música “aigoenau”? (no melhor inglês: “I'm going down”, proferida no refrão de Blaze of Glory).
O pessoal das lojas demoravam uma meia hora para descobrir qual era o idioma e qual era música. Besteira do Dodete. Era só ele ter perguntando o nome ao Fabrício, que era fã do Bon Jovi e tinha até poster no quarto dele (risos, ele sempre fica bravo quando conto isto aqui na coluna, risos. Diz que o poster era do irmão. Sei?!).
Finalmente achamos o CD e lá se foi o Dodete para o aniversário. Voltou com a cara mais feliz do mundo e a gente perguntou:
- E aí? Beijou ela?
- Bezei. No potão. Tô sentindo a boca dea até agoa. Ea é especial.
Para pré adolescentes aquilo foi uma explosão de gargalhadas. Crescemos e o Dodete continuou hilário. Ele tinha uma característica que guarda até hoje: quando ele pega a usar uma roupa, é só aquela. O Dodete já teve a fase da calça verde,
das camisetas, da camisa do Denis Pimentinha e tantas outras. Até tênis era assim. Uma vez ele comprou um Topper Dynatec, o tênis mais caro da época. Usou por quase um ano e quando ele acabou, comprou outro, igualzinho.
Só não podíamos mexer no boné dele. Era a gente tentar encostar e ele dizer:
- Pó paa. Meu moné não.
Era tão neurado, que uma vez nos metemos em uma briga. A gente apanhou. Apanhou para valer, mas o Dodete não tinha apanhado ainda. Ele era ágil e fugia, mas teve uma hora, que ele estava segurando um cara, ai o cara, sem querer, bateu a mão no boné do Dodete.
Ele o soltou, levou as mãos na cabeça e disse:
- Meu moné não.
Resultado: um olho muito roxo do Dodete.
Queria contar aqui de como ele foi orador da turma do tiro de guerra e confundiu o nome do Subtenente, ao invés de chamá-lo Getúlio da Silva chamou de:
- Iustissimo Subtenente Getuo da Selva.
Mas vai ficar para a próxima postagem, porque para contar as minhas histórias tenho que contar caracteres também.
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